A Universidade de Stanford confirmou que as candidaturas para o período letivo de outono de 2026 continuarão levando em conta o status de “legacy” — preferência concedida a filhos de ex-alunos. Ao mesmo tempo, a instituição encerrará a política “test-optional” adotada em 2021 e voltará a exigir notas do SAT ou do ACT.
Para manter a preferência a ex-alunos, Stanford deixará o programa estadual Cal Grant, que oferece auxílio financeiro a estudantes da Califórnia. A decisão evita o cumprimento da Lei AB 1780, sancionada em 2024 pelo governador Gavin Newsom, que proíbe a prática de legacy admissions nas universidades participantes do programa. A instituição afirmou que irá substituir os recursos estatais com fundos próprios.
A medida tem impacto direto no acesso a uma das principais portas de entrada para o setor de tecnologia do Vale do Silício. Fundadores de empresas como Google, Nvidia, Snap e Netflix passaram pela universidade, o que faz com que a manutenção do benefício fortaleça a vantagem competitiva de filhos da elite regional.
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O retorno dos testes padronizados soma-se a essa controvérsia. Defensores dizem que as provas ajudam a manter padrões acadêmicos, enquanto críticos argumentam que favorecem candidatos com maior acesso a cursinhos preparatórios.
Dependência de doações e cortes de pessoal
A discussão ocorre em meio à forte dependência de Stanford das doações de ex-alunos. Enquanto 46,6% das contribuições recebidas por Princeton em 2022-2023 vieram de ex-alunos, em Stanford a maior parte dos recursos é direcionada ou ao Stanford Fund — utilizado em operações correntes e auxílio financeiro — ou ao endowment, que financia cerca de 22% do orçamento anual ao gastar aproximadamente 5% de seu patrimônio por ano.

Imagem: David Madison/Getty via techcrunch.com
Diante de pressões financeiras externas, a universidade confirmou ao jornal San Francisco Chronicle que demitirá permanentemente 363 empregados, o equivalente a quase 2% de sua força de trabalho administrativa e técnica. Entre os fatores citados estão a “incerteza econômica contínua” e mudanças em políticas federais, entre elas o aumento do imposto sobre endowments de 1,4% para 8% aprovado no recém-sancionado “Big Beautiful Bill”, que deve custar cerca de US$ 750 milhões por ano à instituição.
As novas regras de admissão foram divulgadas na última semana e entrarão em vigor para o próximo ciclo de inscrições, reforçando a estratégia de Stanford de preservar laços com ex-alunos em meio a desafios orçamentários.
Com informações de TechCrunch